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A apresentação “media training” da CEO do Facebook

Sheryl Sandberg poderia ter falado sobre alternativas orgânicas para a publicidade contemporânea, mas se ateve ao protocolo e falou sobre a importância das comunidades conectadas


13 de setembro de 2017 - 16h00

Olha, media training é de fato muito importante para as grandes companhias e seus gestores. Isso porque, se cada gestor decidir falar o que quiser por conta própria nesses casos, vira um caos global e essas empresas, todas com ações em bolsa, não podem se dar a esse luxo extremamente desgastante para sua imagem e para o valor de suas ações. Portanto, reconheço que media training é necessário e sei perfeitamente conviver com ele. E seus outputs.

Como não nasci ontem e estou nessa profissão há décadas (4, para ser exato), reconheço um speaker usando seus aprendizados de media training há quilômetros. Mas de novo, tudo bem. Entendo a razão de ser do processo.

Pois acabo de sair da palestra da Sheryl Sandberg, CEO do Facebook, e mesmo levando em conta todos os disclaimers acima, tenho que me confessar extremamente decepcionado. Não com o Facebook, uma das mais revolucionárias plataformas da sociedade contemporânea global. Mas com a Sheryl no seu papel (canastrão) de speaker. Isso exatamente porque o Face é o que é, e por ela própria ser quem é, certamente uma das mais importantes e influentes mulheres do mundo.

Media training na veia! Tipo, sem tirar o olho do teleprompter.

Speakers desse calibre usam o media training como um instrumento, não como um fim em si. Ela foi no basicão. Pode?

Bom, se ela teve coragem de mandar essa para milhares de presentes na pateia do DMEXCO, fora o tanto de milhões de pessoas que vão saber do feito via o próprio Facebook e toda a imprensa mundial, então pode, né?

Nada de efetivamente novo. Nada de inspirador. Nada de nada, na verdade.
Bom, como você leitor não viu, doo-me aqui ao compromisso de resumir o que eu vi. Aliás, é meu trabalho.

Sheryl dividiu sua intervenção em três pontos:

1. Esteja sempre em linha e respeite seu compromisso (corporativo);
2. Construa comunidades;
3. Diga quem você é.

Viu? Falei? Mudou sua vida? Pois foi isso. No primeiro ponto, o ponto é: assuma uma missão e vá até o fundo nela. No segundo, a mensagem é: comunidades mudam o mundo. Faça a sua. Boa essa, mas você já ouviu em algum lugar, certo?

No terceiro, decorrente do primeiro, a sacada é: nas comunidades em que você construir, seja autêntico.
No meio desses três statements, ela (quer dizer, sua equipe) enxertou cases que ilustram cada ponto. Os cases são de fato bem legais (dois foram de exemplos brasileiros, um deles, o que encerrou sua apresentação, de um favelado chamado Felipe, filho do Facebook Lab). Mas foi só.

Uma coisa, a melhor, que ela nem deu tanto destaque assim: ads as good as organic. Segundo ela, esse é o mantra do pessoal de publicidade do Face, ou seja, criar alternativas e formatos publicitários tão atraentes como são as conversas orgânicas que rolam mundo afora na plataforma (2 bilhões de usuários globais, and counting …).

Acho que eles não vão conseguir nunca, porque jamais qualquer publicidade será tão legal quanto o Facebook. Mas o mantra é inspirador, sem dúvida.

Ela poderia ter feito sua palestra inteira sobre isso, ainda mais para a plateia ali presente, todos espertos em digital marketing.

Teria sido genial (mesmo lendo o telepronter). Aff!

Foto: Divulgação

 

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